18 de dezembro de 2012
Seguir em Frente
Chega a ser trágico, ver algo que era tão profundo dentro de mim,
morrer desse jeito. Não só profundo, como verdadeiro. Sabe quando você
se agarra tão fortemente a algo que o toma como alicerce? É exatamente
isso. Ou melhor, era. Até que esse alicerce não seja mais teu alicerce.
Não por vontade própria, por vontade do outro, quem quer que seja. E
tudo o que você sentia, vai se esvaindo com o tempo. Pegando carona em
outros tempos, outras pessoas, outros lugares. É horrível a sensação de
se sentir oca, porque tudo que te completava já não mais existe. Querer
seguir em frente? Todo mundo quer. Poucos, na verdade, conseguem. Basta
muita vontade e confiança com zero de medo. Não adianta ter medo do
futuro, e pior ainda: medo do passado. É quase um medo, aquilo de que
poderia ter sido só que não poderá ser mais. Tudo que ainda estava pra
acontecer, mas numa curva sinuosa, acabou saindo da estrada. E já era.
Foi isso que aconteceu com a gente. Uma quase-morte. A tua quase-morte.
Você ainda vive, já não tanto em mim. Mas você tem a sua própria vida,
sem que eu precise te guardar em mim. Não direi um peso a menos, direi
apenas que agora, aos poucos, aprendi um pouco mais como lidar com fins.
Como lidar com uma saudade insuportável, outra vez. Eram tantas coisas
pra se dizer, mas se perderam com o tempo. E também se perdeu a vontade.
O que eu quero daqui pra frente? Definitivamente ir em frente. Não será
tarefa difícil, já que esse processo de ir em frente começou há algum
tempo. Só que agora é sem olhar para trás. Nem mesmo por cima do ombro,
ou pelo canto do olho. Se não tropeça, e eu não quero cair. Apenas ir em
frente e desejar que não haja mais curvas. Nunca fui boa pra lidar com
fins, e chega de sentimentos bons morrendo dentro de mim.
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